Polêmica Nininho Vaz Maia
O nome de Nininho Vaz Maia volta a estar no centro de uma tempestade mediática que cruza justiça, música e política. Depois de ter sido constituído arguido num processo relacionado com suspeitas de tráfico de droga e branqueamento de capitais — acusações que o cantor nega veementemente — surge agora uma nova frente de conflito: o partido Chega, liderado por André Ventura, exige publicamente que o artista seja afastado dos palcos da Feira de Maio do Ribatejo, na Azambuja.

Apesar de Nininho Vaz Maia ter emitido um comunicado a afirmar a sua total inocência e total colaboração com as autoridades, sublinhando que confia na justiça e que nada foi provado contra si, a polémica está longe de abrandar. Com vários espetáculos já agendados e uma carreira que tem continuado ativa — incluindo atuações recentes de grande dimensão — o cantor enfrenta agora uma tentativa clara de boicote político à sua presença artística.
O caso ganhou contornos mais graves quando o núcleo concelhio do Chega da Azambuja divulgou um comunicado oficial a exigir que Nininho seja retirado do cartaz da Feira de Maio, onde surge como cabeça de cartaz entre os dias 22 e 26 de maio. No texto, o partido justifica a exigência com argumentos ideológicos, culturais e morais, numa tomada de posição que já está a gerar forte reação pública.
Segundo o comunicado, a Feira de Maio deve exaltar “o Campino, o Cavalo Lusitano e o Toiro Bravo como símbolos maiores do Ribatejo”, valores que o Chega considera representativos do “Homem Ribatejano, humilde, trabalhador e profundamente ligado à terra”. É com base nesta visão que o partido afirma ser “manifestamente contra” a escolha de Nininho Vaz Maia para atuar no evento.
O texto vai ainda mais longe ao associar o cantor não apenas às atuais suspeitas judiciais, mas também a um “passado criminal”, referindo condenações anteriores e ligando a sua imagem a rixas e comportamentos considerados incompatíveis com aquilo que o partido define como os valores do mundo rural. Embora reconheça formalmente o princípio da presunção de inocência, o comunicado insiste que a mera constituição como arguido em crimes considerados graves é suficiente para justificar o afastamento.

“Achamos que esta contratação não dignifica os valores da festa”, pode ler-se, acusando ainda o Executivo Municipal de “ir atrás de modas” em vez de respeitar a identidade ribatejana. O Chega alerta mesmo para um possível “dano irreparável” na Feira de Maio caso a atuação se mantenha, terminando com um apelo ao que classifica como “elementar bom senso”.
A posição do partido está a ser vista por muitos como uma tentativa clara de instrumentalização política de um processo judicial ainda em curso, levantando questões sérias sobre liberdade artística, presunção de inocência e discriminação cultural. Até ao momento, Nininho Vaz Maia não reagiu diretamente a esta exigência específica do Chega, mantendo a postura de confiar na justiça e seguir com a sua carreira enquanto nada for provado em tribunal.
A polémica promete continuar a escalar. Entre quem defende que a justiça deve falar primeiro e quem acredita que figuras públicas devem ser afastadas ao primeiro sinal de suspeita, o caso Nininho Vaz Maia tornou-se mais do que um processo judicial: é agora um campo de batalha político e cultural, com o país dividido e atento aos próximos capítulos.

