O julgamento do caso de Mónica Silva, a grávida desaparecida na Murtosa, foi abalado esta segunda-feira por um depoimento que promete mudar o rumo dos acontecimentos. João Freitas, apontado pelo arguido Fernando Valente como o seu melhor amigo e peça chave no início da relação com a vítima, subiu ao banco das testemunhas e fez revelações surpreendentes que contradizem frontalmente a versão do empresário, deixando a audiência e, certamente, a defesa, “de boca aberta”.

A “Bomba” no Depoimento: Amigo de Infância Nega Conhecer Mónica Silva e o Local do Encontro
A versão de Fernando Valente sustentava que teria sido João Freitas a apresentá-lo a Mónica Silva no final de 2022, no Café Primavera, em Pardelhas, Murtosa, e que o amigo teria estado presente noutros encontros subsequentes, em novembro de 2022 e janeiro de 2023. Contudo, o “segredo” que João Freitas guardava era diametralmente oposto.

Perante o coletivo de juízas e jurados, Freitas negou veementemente ter alguma vez apresentado Mónica ao arguido. Mais surpreendente ainda, afirmou nunca ter frequentado o Café Primavera, local onde a vítima trabalhava e cuja gerência era da prima desta, Carla Vieira. Esta declaração desmonta a premissa de como o arguido e a vítima se teriam conhecido, segundo Valente.
O Álibi Inesperado: “Estava na Suíça, é Mentira!”
A revelação mais impactante, e que terá deixado a sala de audiências em suspenso, veio quando João Freitas justificou a impossibilidade de ter estado presente nos referidos encontros. O serralheiro afirmou, de forma categórica, que nas datas mencionadas por Fernando Valente (novembro de 2022 e janeiro de 2023) estava emigrado na Suíça.

“Só estive em Portugal durante duas semanas no verão de 2021, no Natal do mesmo ano e na Páscoa de 2022”, detalhou a testemunha, confrontando diretamente a versão do amigo de infância e classificando-a como “mentira”. Este álibi geográfico coloca em causa a credibilidade de um ponto fulcral da história contada por Valente.
Versão do Arguido em Xeque: O Impacto da Testemunha Surpresa
O depoimento de João Freitas, que o arguido certamente contaria como favorável, transformou-se num potencial revés para a defesa. Ao negar a sua participação nos encontros e o próprio conhecimento da vítima antes do seu desaparecimento, e ao apresentar um álibi que o coloca fora do país nos momentos chave, a testemunha não só contradiz Fernando Valente, como também levanta sérias questões sobre a veracidade da sua narrativa sobre a relação com Mónica Silva. A surpresa e o impacto destas declarações foram notórios.
Caso Mónica Silva: A Tragédia, a Acusação e um Julgamento Cada Vez Mais Tenso

Mónica Silva, de 33 anos, desapareceu a 3 de outubro de 2023, na Murtosa, grávida de sete meses. Fernando Valente, com quem manteria uma relação extraconjugal, é acusado de homicídio qualificado e profanação de cadáver, num crime que o Ministério Público acredita ter sido motivado pela tentativa de ocultar a paternidade da criança. O corpo da vítima nunca foi encontrado.
Com o julgamento a prosseguir nas próximas semanas e novas testemunhas por ouvir, as revelações de João Freitas adicionam uma camada de imprevisibilidade e tensão a um caso que já por si é complexo e carregado de emoção.